terça-feira, 10 de maio de 2011

MONZA

Ele tem seis anos de mercado. E uma história de vendas maior do que muitos carros antigos ou clássicos.



Para ter história, um automóvel não precisa ser um modelo clássico e muito menos ser antigo. O Monza está aí para provar que isso é verdade. Afinal, em apenas seis anos de fabricação no Brasil, esse modelo da General Motors já vendeu 430 mil carros, metade da comercialização do Opala em 20 anos de produção. Ainda por cima, o Monza foi líder de vendas por diversos períodos e conquistou três vezes o título de "Carro do Ano", inclusive este ano, eleito pelos jornalistas especializados.





A história do Monza tem suas origens por mais incrível que possa parecer na própria história do Chevette. Por volta de 1972, a Opel, divisão GM da Alemanha, foi escolhida como base para o desenvolvimento do carro mundial da GM, o Chevette (conceito que permite a construção do mesmo modelo em vários países e com intercãmbio de peças). Com ligeiras alterações, o carro seria fabricado inicialmente no Brasil (sedan), Inglaterra (hatch) e Argentina (quatro portas). Porém, a crise do combustível surgiu em 73 e o projeto foi arquivado como conceito de carro mundial. O Chevette passou a ser fabricado apenas no Brasil e Argentina.










Sem que ninguém esperasse, esse carrinho recuperou seu caminho e foi fabricado em diversos países, o que garantiu à GM uma nova força para reinvestir em carros mundiais. Em 1979, a Opel voltou a sediar um novo projeto de carro mundial, desta vez chamado "Carro J", ou seja, o nosso Monza. Esse projeto previa uma família de veículos totalmente nova: hatch, sedan e perua, com duas e quatro portas. Como o Brasil havia conquistado um bom conceito de fabricante de motores junto à matriz alemã, acabou "premiado": a GM brasileira faria todos os motores do "Carro J", para suprir o mercado nacional e todos os demais mercados mundiais. Inclusive, esse motor (de 1 .600cc) iria equipar alguns outros carros da GM nos EUA, como o Pontiac. Assim, a mecânica brasileira do Monza "mundial" iria para os EUA, Inglaterra, Japão, África do Sul e Austrália.

Como no final da década de 70 a moda no Brasil era o estilo hatch, este tipo de carroceria foi escolhido para ser o primeiro da família Monza a ser lançado aqui. E assim foi. Em abril de 1982, o primeiro Monza deixou a linha de montagem da fábrica de São Caetano (SP). Era equipado com motor de 1.600cc de cilindrada, transversal, tração dianteira, câmbio de quatro ou cinco marchas importado da lsuzu do Japão, suspensão dianteira independente e traseira bastante moderna, sem contar o estilo _moderno e aerodinâmico, ampla área envidraçada e grande espaço interno. Neste primeiro ano (1982) foram vendidos 33.745 carros no mercado interno e 127 unidades exportadas para alguns países da América Latina, como Colômbia e Venezuela. Ainda em 1982 surgiu uma outra versão de motor para o Monza: o 1.800cc, semelhante ao motor 1.6, porém com alterações no diâmetro do cilindro e no curso do virabrequim. Assim, começou a existir a opção de motores 1.6 e 1.8 para os Monza.

Em 1983, devido ao grande sucesso de vendagem, a GM promoveu diversos lançamentos na linha Monza: em março surgiu o sedan quatro portas, com carroceria de três volumes. Esse modelo procurava romper o conceito de que "carro de quatro portas é taxi", afinal era um carro luxuoso, e nada mais conveniente do que quatro portas para caracterizar esse tipo de modelo. Completando este ajustamento de mercado, foi lançado em setembro de 83 o Monza duas portas, para satisfazer o consumidor mais conservador.

Com três tipos de carroceria _hatch, sedan duas portas e sedan quatro portas_, os Monza contavam, na época, com dois tipos de acabamento: o básico e o SL/E, e mais dois tipos de motores, de 1.600 ou 1.800cc, álcool ou gasolina. Nesse ano de 1983 as vendas do Monza passaram a preocupar seus concorrentes, e ele terminou o ano como 55.090 carros vendidos no Brasil e 61 unidades no mercado externo.

Até 1985, apenas as alterações normais de mudança de ano, como acabamento interno, cores e introdução de detalhes: vidros elétricos, bloqueio central, ar-condicionado e direção hidráulica, mais um enorme pacote de itens opcionais que poderia até mesmo dobrar o preço do carro. No meio do ano de 1985, um deslize que desagradou muitos consumidores. Quem explica é Francisco Nelson Satkunas, gerente de Vendas-Sul da empresa, que participou inclusive do desenvolvimento do "Carro J" na Alemanha. "Estávamos com alterações previstas para 1986, mas o fornecimento de peças novas e o final de estoque das anteriores acabaram nos forçando a lançar essas alterações ainda no meio de 85. E como eram mudanças visuais, acabaram provocando muitas reclamações dos clientes que haviam comprado o carro do ano. Afinal, havia o Monza 85, e o Monza 85 e meio, que valia mais que o outro. Mas as mudanças eram inevitáveis e inadiáveis, pois os concorrentes estavam muito sofisticados", explicou Satkunas.

O Monza "85 e meio", ou "Fase II", como a fábrica o chama oficialmente, tinha as seguintes diferenças em relação ao anterior: espelhos retrovisores externos redesenhados, painel de instrumentos mais completo, acabamento e revestimento internos trocados, pisca da lanterna traseira na cor laranja, grade de refrigeração nova e outros pequenos detalhes que, quando somados, provocavam ira nos compradores do modelo "apenas 85".

Completando a família em 85, o Monza ganhou sua versão esportiva, o S/R 1.8, com carroceria hatch, rodas esportivas e detalhes que caracterizam este tipo de carro. Nesse motor, de 1.800cc de cilindrada, foram introduzidas mudanças no carburador (corpo duplo) e coletor, mais sistema de escapamento. Com isso, o carro ficou com velocidade máxima de 180 km/h, segundo o fabricante, acelerando de 0 a 100 km/h em cerca de 11 segundos e 106 CV de potência. Atualmente, o S/R só é disponível na versão de 2.000cc de cilindrada, a álcool, com carburador de corpo duplo e 110 CV de potência a 5.600 rpm, o que rende, conforme o fabricante, cerca de 185 km/h de velocidade, sem diferenças para os motores do SL/E e Classic.

Mais lançamentos

Até 1985, o Monza já alcançara a marca de 251.040 veículos vendidos, tanto no Brasil como no Exterior, através de exportações. Em 1986, logo em janeiro, foi lançado o Classic, a versão top da linha, com detalhes de acabamento bastante luxuosos, com ar-condicionado, câmbio automático, direção hidráulica e acabamento bastante diferenciado das demais versões. O câmbio, por exemplo, é o modelo THM 125, da Hidramatic Division da GMC, que equipa diversos modelos, inclusive de outras marcas, em todo mundo.

Em setembro de 1986, o último lançamento da linha Monza: o motor de 2.000cc de cilindrada, que fornece mais torque e proporciona maior economia de combustível: são 110 CV a 5.200 rpm, contra 95 CV a 5.600 rpm do motor 1.8. Neste ano, o Monza bateu seu recorde de produção, com 81.960 carros para o mercado interno, 397 exportados montados e mais 10.955 exportados CKD (desmontados). No ano passado (1987) nenhuma mudança básica, pois o carro continua a vender bem.

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